Miro Mirtes a mirar
o mirante entardecer
o almirante envelhecer
o infante correr
a amante não ceder
o sufocante retroceder
a lua acender
e o espelho lhe dizer:
Pra quê sofrer?
Mirtes mira
a rua esvaziar
a molecada vazar
a estrela chegar
a janela fechar
o vizinho se descuidar
a menina namorar
e eu a mirá-la
como se mira o mar.
Mirtes mira
e se admira
e padece
e amolece...
Simula
e dissimula
e acena
e contracena
e eu na sua mira.
Miro Mirtes
até ela
virar janela.
Miro, em partes,
o que não mirei
enquanto Mirtes amei.
Praciano
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