INSTANTE EM QUE...

E tem um instante em que
O vento não sopra,
E as folhas das árvores não se movem,
E as folhas secas não caem,
E os pássaros não voam nem cantam,
E as galinhas não ciscam
E seus pintainhos não piam,
Em respeito a esse instante...

E no jardim, as flores não têm beijos
Dos beija-flores, nesse momento,
E as borboletas, nem sinal delas,
Da mesma forma, o jardineiro, cadê?
Enfim, os animais e a natureza toda
Em respeito a esse instante
Sem barulho algum, calados,
Esse instante do tempo lhes é sagrado...

E até as águas se calam,
Nos rios e mares, os peixes não nadam,
E navios e barcos, todos ficam
No ancoradouro do cais, no porto...
E até o tagarela homem
Com suas máquinas barulhentas,
Nesse instante ele para,
Pois se precisa de um breve descanso...

E já se falou tanto desse instante
E agora vai se dizer algo não dito,
Esse instante é permanente a alguns ouvidos,
Esse instante tem o nome de silêncio,
Pena que poucos o tem e o absorve,
A muitos nada se resolve
Ter o silêncio ou não em suas vidas,
Suas vidas turbulentas e sofridas...

A natureza, até ela se cala para descansar, e nós, humanos, idem, temos esse privilégio...

Nas idas e vindas pelos caminhos de casa até os lugares por aí...

Josea de Paula
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