Quão fugaz é a vida,
quão passageira é esta estadia.
É como que a ardente
e etérea chama
que aquece as paixões.
Tão breve, com o tempo
parecendo fugir rapidamente.
Rápida como a agradável
e suave rajada de brisa matinal.
Beleza e brevidade
que se unem no delicado botão de flor.
De pouco adianta desprezá-la.
Em nada resolve se rebelar,
pois que já está predestinado,
em seu nascimento, o seu fim.
Um minúsculo instante
em meio ao infinito tempo da eternidade.
E, por um momento, o ilimitado
curva-se à fragilidade do limitado.
E como não sentir saudade
do tempo que já se foi?
Como não ficar ansioso
com o destino do tempo
que está por vir?
Como não confrontar
a expectativa do cotidiano
com a esperança no eterno?
Pois que no ser
se confrontam forças humanas
com energias da alma.
Pois que a arte,
no seu verdadeiro
sentido, é busca de superação.
O ser humano é um escravo de paixões
e tenta ser liberto em virtudes.
É interação entre o instinto biológico animal
e a razão lapidada do espírito.
Assim é que, entre as possibilidades,
o guerreiro há de um dia ser poeta.
As ardentes chamas
que queimam hão de ser suave calor que aquece.
A intensa e sensual paixão
há de ser suave e afetuoso amor.
Sobrevive em cada um de nós o homem,
mas quem vive de fato é a alma.
Um aguarda o fim do outro...
ou este final definitivo nunca existirá?
E então, por ter dúvidas,
desenvolvemos o pensar,
nascendo a vã filosofia.
E porque nos sensibilizamos
e sentimos, criamos acidentais poesias.
E estas se integram,
de modo que a prosa vive
a brincar com os versos.
E o verso é como que criança arteira
que vive a fugir da velha prosa.
Existem sorrisos que não têm alegria,
existem tristezas sem lágrimas,
mas o coração é franco
e no seu sentir não há lugar
para a hipocrisia.
Ele não vive por engano,
não se alimenta daquilo que é,
de fato, falso.
Assim é infeliz aquele
que é escravo das ilusões passageiras.
Vezes por ser miserável em verdade,
vezes por ser louco em razão.
Outro que é triste é o prisioneiro
das ideias formadas e inflexíveis,
pois é escasso em ações,
e também acaba por se perder
em outras ilusões.
Daí, então, concluir
que as ilusões podem ser
do pensar ou do sentir,
chegando onde se vê
um filósofo a fazer sua poesia.
Onde se encontra um poeta
a caminhar pelas trilhas da filosofia,
criando uma nova ilusão,
pois pensava-se que havia dois...
mas que de fato ambos eram
apenas o mesmo.
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