Barbárie e Civilização

Barbárie e Civilização

 
 
 
Uma trilha na floresta,
 em meio à mata
 os “Robin Woods” de cada dia.
 Ao fundo de tudo,
 uma grande construção,
 um velho e abandonado mosteiro.
 Em torno dali,
 cavaleiros em seus ginetes,
 guerreiros vestindo suas armaduras.
 Lutas e mais lutas.
 Batalhas e mais batalhas.
 De combate em combate
 a guerra sem fim.
 A posse pela posse.
 A avidez sem controle.
 O ímpeto lesivo
 pela conquista de territórios.
 E por um limitado retalho de terra
 o desperdício de muitas vidas humanas.
 O sangue adubando o solo.
 E do barro foi feito e ao barro
 retorna de alguma forma.
 São imagens do passado
 que insistem em tornarem-se
 cruel realidade no presente.
 A dor transmitida via satélite.
 Uns trucidam-se
 enquanto outros
 congregam-se num almoço.
 Alguém está morrendo de frio
 enquanto outro morre
 sob o calor do árido deserto.
 Um está sedento
 enquanto outro debate-se
 numa luta inglória contra o afogamento.
 Gira o mundo.
 Gira um disco reproduzindo a música gravada.
 Gira o tambor de uma arma.
 Em meio à arte de construir,
 a arte humana de destruir.
 Escultura, pintura, poesia e o fuzil.
 São amarelos que não gostam de azuis.
 São vermelhos que não entendem-se com verdes.
 Tudo é motivo para tolo embate.
 Legitima-se a estupidez e a brutalidade
 com ares de heroísmo.
 Por detrás da maquiagem
 de civilização escondem-se
 velhas tribos belicosas
 cobertas de armas.