A ROSA VERMELHA-(conto)-

A ROSA VERMELHA-(conto)-

A Rosa
Vermelha

 

                              O Planeta Terra, em minha modesta visão, não passa de uma
grande sala de aula onde alunos e professores são na verdade aprendizes em
busca de conhecimentos que os levem a algum lugar melhor. O problema se resume
em descobrir onde fica esse lugar e como chegarmos até ele.  Para se atingir esse objetivo os meios são
fornecidos de forma incessante e cada aluno ou professor pode utiliza-los, da
maneira que lhe convir. As regras são ditadas pela consciência de cada um e os objetivos
serão alcançados à custa de muito trabalho. Dia destes, levantei-me para
trabalhar e percebi que estava um pouco atrasado, mas não me afobei, apenas
tomei o café da manhã mais rapidamente e pus-me a caminho do sagrado ganha-pão.

                      Ainda não chegara a
oitava hora e o dia estava simplesmente maravilhoso, era primavera, estação que
me deixa muito emotivo pela exuberância da natureza, gosto do outono também,
pelo seu ar de nostalgia, mas naquele momento, minha cabeça estava fixada em
chegar rapidamente ao trabalho e por isso resolvi apertar os passos e preferi
ignorar o magnifico quadro que o Todo Poderoso me ofertava gratuitamente. Eram
apenas quatro quarteirões e pela velocidade imprimida nas passadas em poucos
minutos chegaria ao destino. Quando faltava apenas uma quadra, que na verdade
era uma praça, minha pressa acabou. O pitoresco passeio público ostentava
beleza inenarrável, meus olhos brilharam ante o espetáculo divino que se
desenrolava em local tão singelo como aquele, porem o que mais me chamou a
atenção foi a presença de um sujeito em situação deplorável que observava uma
rosa de cor vermelha e lhe dirigia palavras ininteligíveis. Poucos eram os
transeuntes daquela hora e nenhum deles parecia ver o que eu via.

                      De um lado a magnitude da natureza em
abundancia de formas e cores num verdadeiro Jardim do Éden, enquanto de outro,
a figura esquálida de um ser, que buscava numa rosa rubra o consolo para seu
sofrimento ou algo parecido. Aproximei-me com cautela para tentar auscultar as
palavras que saiam daqueles lábios cobertos de chagas, que, no entanto não me
provocaram asco. Minha aproximação fez com que sua atenção fosse desviada da
magnifica flor e o olhar que me dirigiu foi cativante. Esbocei um sorriso e me
atrevi a desejar-lhe um bom dia, coisa que, em meu íntimo talvez não pudesse,
naquelas circunstancias serem assimiladas por criatura tão desprovida de
cuidados físicos. O que ocorreu na sequencia foi inesquecível. Minha saudação
foi retribuída de forma tão radiante que ainda sinto arrepios quando me lembro
do fato, como pode, pensei, uma criatura em situação tão deplorável ter nos
lábios macerados pelas chagas um sorriso tão lindo? Ao mesmo tempo em que
sorria estendeu-me a destra para que o tocasse, talvez querendo sentir algo que
não sentia há muito tempo, o calor humano.

                      Não tive medo e
aproximei-me mais para atender o apelo daquela mão ressequida. Agarrou minha destra
com ansiedade e perguntou-me:- Não é linda? - Dirigindo-se à encantadora rosa
vermelha com a qual parecia conversar antes de minha chegada. Sim, respondi.
Maravilhosa, como todo esse jardim. – É, disse ele, mas eles não enxergam, não
é mesmo? – só você. Gosto muito da natureza, respondi, e a primavera a deixa
mais exuberante, mais viva, não é mesmo? – Sim, com certeza, disse ele,
aproveite então, meu amigo, ganhe tempo, observe essa maravilha divina, é para
você. Eu estava atrasado para o trabalho, mas quando ouvi essas palavras parece
que o tempo parou, senti uma breve tontura e minha visão começou a embaçar, mas
ainda pude ouvir alguém me perguntar: - O senhor está bem?- antes de
desfalecer. Quando acordei, percebi que estava em um leito de hospital e
novamente a pergunta: O senhor está bem? Sim, respondi, acho que sim, mas o que
aconteceu, perguntei? O senhor teve uma queda de pressão e desmaiou, mas não se
preocupe, deve ser estresse de trabalho, hoje mesmo já receberá alta. Ok, muito
obrigado. Senti sede e ao procurar por agua na mesinha ao lado da cama tive uma
surpresa, lá estava ela, a magnifica rosa vermelha, dentro de um pequenino vaso...

 

Pedro Martins

11/04/2013

Recentemente nesse mesmo site li o poema do amigo BIRA-(Seu Único Abrigo) e tive a sensação de que poderia escrever alguma coisa parecida(não plagio) pois gostei muito do poema. Eis então um pequeno conto inspirado na idéia do querido amigo, que com certeza não tem a mesma qualidade literária mas foi o que consegui... que venham as críticas...hehehe..
Abçs a todos

Pitangueiras-SP, sempre no meu local de trabalho...

Pedrinho Poeta - Pitangueiras-SP-
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