Já não tinha o sol poisado em desmaio
no horizonte marinho;
nem o tremor do derradeiro raio
a alumiar meu ninho!
A brisa fagueira com seus perfumes
também não murmurou...
No céu, a chusma de mil vaga-lumes
tanta treva apagou.
Morto era o canto nos altos coqueiros,
e da vida as cordas
calaram-se ouvindo os loucos pampeiros,
suas medonhas hordas.
Tudo era triste na praia deserta,
como em meu coração!
O mundo era hostil, a vida era incerta
só havia ilusão.
Às vezes, rasgava o seio celeste
a tosca trovoada,
tornava o relâmpago o céu agreste
em sua cavalgada!
Ah! Defronte a ti tanto sentimento
em minh`alma pairava;
foste-me a glória naquele momento,
quando a lua chorava.
Com ela as flores, o mar agitado
nos penedos morrendo,
e a areia que era um tapete doirado
à lufada se erguendo.
Rolava tão vaga em tua alva fronte
uma lágrima ardente,
qual chuva caindo por sobre o monte
e molhando o poente.
Co`as meigas lembranças num frio sorriso
tu brincavas saudosa,
já tão distante do áureo paraíso
da paixão grandiosa!
Tivera em teu seio eu feito um abrigo
p`ra não ter de ir embora,
poderia ficar sempre contigo
contemplando a aurora!
Poema escrito em 04 de Janeiro de 2011 - Livro "Em nome das eternas juras" (Não publicado)
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