Sertanejo universitário é inteligente? (Texto)

 
SERTANEJO UNIVERSITÁRIO É INTELIGENTE?
Fica aquela duvida e  pior,   será que são universitários mesmo que estão fazendo estas musicas? Será que o nível de ensino no Brasil chegou a patamar tão baixo? Depois do Meteoro da  Paixão tenho ouvido uma pá de musicas que estrela,  lua, sol, rocha são palavras constantes fora a  falta de imaginação dos autores que apelam para  refrãos que nada dizem   como Lê, Lê, Lê,  Tchê, Tchê. Tchê,  Bê, Bê, Bê,   juntou uma consoante a  qualquer  vogal  está valendo, notadamente o “e”, letra da moda. Falta criatividade e sobra boçalidade. Alias o famoso Tchê foi muito usado nos "tingamente" (como diria o saudoso Golias) para chamar porcos na hora da alimentação. Ora vejam só, se papai soubesse disso teria ficado famoso e milionario na epoca, graças ao Tchê. Deixamos a banda passar e nem nos damos conta que o refrão suino viraria objeto de consumo. Coisas da vida. Tche, interjeição vinda dos pampas tem, segundo muitos, o sentido de "do ceu" ou alguem vindo do ceu mas, no sertanejo universitário significa exatamente o quê? Acho que exatamente nada.
“Hoje, eu quero a rosa mais bela que houver/Quero a primeira estrela que vier/Para enfeitar a noite do meu bem “ (Dolores Duran)  isso eu chamo de letra. Agora veja essa  “Lê, Lê, Lê/Lê, Lê, Lê/ Se eu te pegar você vai ver”. Ver o quê? Estaria ela interessada em ver alguma coisa, isso a moça do camarote que ele nem sabe se gosta de homem mesmo, nesse tempo tão nebuloso?  Não se enganou e seria “ela” um  ele?  Iria ela com a cara de ferro de engomar do peão?  No  caso dela topar o tal de Lê, Lê, Lê, seja lá que diabo for isso, o João Neto e Frederico dizem que só eles ou um deles sabe fazer,  ( Oh glória,  ninguém mais)   seria ali mesmo no camarote , já que  o abilolado confessou –se  sem, grana,  fama, carro, cartão, limite, tá mais liso que testa de cabrito? Como conseguiu entrar,  de penetra? Deve ser um lugar muito fuleiro, sem bilheteiro, porteiro,  segurança, etc.,. e tem camarote!
Não muito contente mostra a cara outro que tem uma letra  super  romântica  diz assim “Eu já te peguei/ E te fiz enlouquecer/ Bará, bará, bará/ Berê, berê, berê, berê”. Ela, louca de dar dó,  deve estar internada num hospício  ou sendo tratada por um psiquiatra daqueles. Tadinha, mas ele continua “Foi lá na balada/ Que eu conheci você/Depois/ Bará, bará, bará/Berê, berê, berê”(Isso dever ser alucinógeno). Não entendo mais nada, um “Eu quero tchu/Eu quero Tcha” outro sabe fazer Lê, Lê, Lê e outro, melhor ainda, se esbalda  no Bará, Berê. Bem,  trova com “e” não é difícil e se  quem ouvir não gostar  melhor mandar o compositor se arder.  Repetido o famigerado refrão vem mais “Vou pular, beijar na boca/ E aprontar um fuzuê”. Vai pular, beijar na boca e brigar(Um dos sinônimos de fuzuê, os outros dizem mais ou menos a mesma coisa),   tá doidão, mano. Mas continua na ultima perola “Já é fim de semana/Pode até extravasar/Vem comigo na pegada( Escolher o trabalho?) /Mulherada vai suar(Faxina ou corte de cana?)/Caldeirão já tá fervendo/A galera tá chegando/O esquenta começou”( Sinônimos de esquenta:  chatear-se, irritar-se, agastar-se e a concordância, cadê?) Com Leo Rodriguez no comando (Tai o nome da fera, autor da proeza).   Dize-la  sertaneja é enterrar a tradição herdada  de Tonico e Tinoco, Tião Carreiro, Zico e Zeca, só para dizer alguns.                                                                 
“Ouve o meu cântico… Quase sem ritmo… Que a voz de um tísico… Magro esquelético… Poesia ética… Em forma esdrúxula… Feita sem métrica… Com rima rápida… Amei Angélica… Mulher anêmica… De cores pálidas… E gestos tímidos… Era maligna… E tinha ímpetos… De fazer cócegas… No meu esôfago… É uma letrinha , não? Note, no entanto que é formada por palavras proparoxítonas devidamente acentuadas, composição atribuída a Alvarenga e Ranchinho, dupla que teve sua formação original em 1929. Eram caipiras. O sertanejo universitário, como fica?                                       Quando Chico Buarque compôs “Construção”  em  1971 usou proparoxítonas fechando os versos, assim como “Amou  daquela vez como se  fosse a última...E atravessou a rua com seu passo tímido...
Esqueceram a composição de  Alvarenga e Ranchinho, talvez os pioneiros neste propósito.
É, se compositor universitário é assim,  imagine os do ensino fundamental. Socorro, traz o  Aurélio!
 

 

BUENO
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