Aludindo ao “Oulipo”!


Inda ontem eu ansiava um outro anelo
Onde um ímpar anseio eu almejasse
E eu alçasse em u’a asa, ar amarelo.
Átrio animoso e etéreo eu alcançasse

Objeto oriundo ali, ante ente incauto,
Entre essa aurora insigne e altaneira -
Alarde ambiental - e o eito alto.
Olvidar, eu, iria ave agoureira.

Embora eu intuísse aspecto antigo:
Indômito erigir assaz eirado...
Aí eu, altruísta, e, então, amigo,

Esconderia um ápice, encantado!
Assaz encontraria esse áureo abrigo,
Assim, amargamente, ei-lo incrustado!

Ronaldo Rhusso

 

Literatura em potencial.

 

Soneto escrito apenas com palavras que não se iniciam com som consonantal.

De quebra um em versos Alexandrinos:

Náufrago...

Vivo e ainda tão só, restrito ao leito pobre,
Basta à minh’alma a calma e o fim do velho pranto
Tão decadente, eu sei, e enfim soltando o canto
Nessa sinestesia o atrito de água e cobre...

E posto que eu houvesse escrito em ouro nobre
As letras de um poema assim em desencanto,
O vosso olhar que é puro e em mim um acalanto
Jamais veria a dor ou grito, ânimo dobre...

Quase logrei cessar tristeza, algoz terrível,
Mas não vi força em meu ser frágil, quase morto.
Toda uma vida aquém do adágio ‘rei deposto’...

Além da linda e vã destreza em ser passível
De ter ness’arte audaz pureza e ainda absorto
Por vossa ausência vil: naufrágio em vosso gosto.

Ronaldo Rhusso
RONALDO RHUSSO
© Todos os direitos reservados