DONA DAS CALÇADAS

Chafariz de lágrimas contidas em meu peito,
Orvalho em gotas que cobre minha alma-flor...
Vitrais líquidos e especulares em rosto refeito...
Marcas indeléveis que deixaste ao sonhador.

Partiste em silêncio, sem destino, a vaguear,
À minha existência só ofertaste a ingratidão,
Dona das calçadas, voltaste ao teu vil lugar,
Não mais te lembres daquele amaro coração!

Julgas-te ovante por esta tresvariada decisão,
Querendo aplausos por um gesto espetacular,
Raia do ostracismo será tua decisiva direção.

Rumo à coita é a lauréola que vais encontrar,
Nocente acanáceo que maldiz a rosa em botão,
Carnífice molesta, madrinha do meu amargar!