LACUNA.

Me vem a tona a lembrança, é tão nítida que quase percebo sua presença recostado nas colunas de pedra.

inerte desnudo de vida... uma dor fina me corta como o fio da navalha me fere até a alma.

e para fugir desta imagem, invento fugas confusas... tudo inútil.

Já lavei o corpo dos pecados, deixei meu coração lacrado para aliviar a saudade.

Prendo-a, no compasso das horas que galopam nas veredas da lua, sem rumo entre as lacunas de sua ausência.

que dorme profundamente no abismo num ponto sem fim.

Que será de mim, nesta noite sem luzes, sem fé e sem cura?

Falta-me coragem de lancetar as feridas e retomar minha vida, e seguir adiante...

e deixar sua imagem guardada no passado, nas asas des estrelas brancas

feito luz  e esperança.

Me vem a tona a lembrança.

Cristiane Coradi.

Sou poeta da ruas escrevo nos muros da minha cidade, no chão deixo versos por onde passo... nunca tive um livro editado e talvez nem venha a ter, meus leitores são as crianças, os viajantes os bebádos nas madrugadas solitárias mulheres de ponta de esquinas as senhoras as meninas.
Será isso um poeta?
cris coradi
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