AO IMORTAL LUIZ GONZAGA

 
Em Novo Exu em Caiçara no estado de Pernambuco
Em 1912 no mês de dezembro dia de Santa Luzia
Linda alegre e sorridente linda criança nascia
Trazendo consigo o dom de cantar pra todos nós
Uma sanfona dourada acompanhava sua voz
 
Ele aprendeu a tocar com o seu pai Januário
Desde o tempo de criança, deu seus primeiros acordes
Com prazer viram que ele seria exímio tocador
Logo mostrou seu talento de grande rei do baião
Trazendo dentro do peito o ar puro do sertão
 
Nasceu para ser cantor, a terra é testemunha
Que depois de um século, outro não o igualou
Inspirou-se com a seca que sua terra assolou
Viu a Aza Branca voar, tristonha por sobre a serra
Procurando relva verde que não tinha em sua terra
 
Pois como as aves tristonhas que sua terra deixou
Ouve também muita gente que pra longe se mudou
Fugindo da grande seca que havia em seu lugar
Seus parentes e amigos também saíram de lá
Mas prometiam a si mesmo: Um dia hei de voltar!
               
A Aza Branca é um hino que nosso ídolo criou
Com sua voz entoada, sua garganta afinada
E o seu fole no peito, este legado deixou
Fez um sucesso tão grande que até hoje perdurou
 Falou das secas do norte, o povo se emocionou
 
Luiz Gonzaga querido creia bem no que lhe digo
Pois contigo usarei de toda honestidade
Saí de minha boa terra e tenho grande saudade
Fiz como á Aza Branca que fugiu lá do sertão
Sou tua amiga e parenta nasci naquele rincão
 
 
Luiz você não morreu, apenas fez um passeio
E em breve voltará, mais jovem e muito animado
Tocando tua sanfona, com Dominguinho ao teu lado
Aqui todos te esperam para dançar o xaxado
Arrasta pé ou forró sendo por ti sempre é bem tocado
 
Até velho cai no samba tendo você a tocar
Cantando e fazendo ginga o pagode é sensação
 Pois tem samba, valsa, congo,  fox e canção
Que ecoa no espaço com toda a perfeição
Levanta mortos da cova para dançar teu baião
 
Teu lugar é teu somente, ninguém o pode ocupar
Não há na terra um vivente para nele se sentar
Esperamos tua volta, mais hoje ou mais amanhã
Traga-nos teus parceiros para cantarem contigo
Venham nas azas do vento pule num campo florido
 
Aqui estou te esperando para dançar em teu toque
Ao vivo soltando a voz, num falsete afinado
Vou dançar em tua frente com todo o meu requebrar
Pode me dá tua nota se eu danço mal, ou bem
Pois vou fazer grande esforço para ganhar nota cem
               
Fiz esta poesia em versos, somente para pedir-te
Lá no céu onde estiveres cante e toque por favor
Quando em breve eu lá chegar com certeza te verei
Com tua sanfona no peito, Aza Branca cantarei
Este hino é tão bem feito que jamais esquecerei
 
Vou sentir grande alegria ao te ver pessoalmente
Pois todas as tuas músicas para mim são excelentes
Tenho teus discos e fitas e sempre todas cantei
És meu cantor predileto no samba ou no baião
Até anjos das alturas apreciam teu refrão
 
Como lá nunca houve seca tem de tudo com fartura
Tem amor, tem harmonia, santidade e contrição
Tem Deus que muito nos ama e nos dará atenção
De criar nuvens no céu e não haver mais verão
Contanto que as Azas Brancas, não deixem nosso SERTÃO.

MARIA AGLAIDE NEVES
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