Perambula pelas ruas nua criança
sobrevive ousada e não descansa
no caminho estranho arremessada
sem amigo,sem abrigo
ainda sonha essa revel mendiga
com o que a boca não pede
a alma almeja
mas à fúria, não cede!
Na penúria em que se arrasta todo dia
tem lá o seu canto ao léu, à margem
onde dorme e sonha que se despe
da rota e macabra veste
de frágil criatura ultrajada em cidadão
das promessas vãs da politicagem...
Liberta-se, então
da própria sombra que a enlaça
de pé, em destemor, na sua fortaleza
veste a alva túnica de ternura
de sorriso iluminado, esquece a vil fraqueza
eleva-se não mais a triste e mortal fragilidade
mas em o Ser dos paramos da mesa farta
de livro e pão, e de esperanças
para uma vida simples e de água pura
não mais a desprezível caricatura
para ser apenas uma criança!
Centelha Luminosa ( Maria Lucia )
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