Recordo-me de ti em frente a um sombrio túmulo
A orar silente enquanto lágrimas amargas vertiam.
Vestindo luto, embora a cor negra, o corpo e alma sempre vestiam
Dir-se-ia que as trevas a dominaram em seu cúmulo...
Lindo anjo do éter! Figura enigmática e pálida!
Havia em ti uma tristeza no olhar, um indecifrável enigma
E a dor cravou-se em teu âmago como um eterno estigma
Tornando-a ainda mais bela ao invés de esquálida.
Vieste como uma sombra, ainda que houvesse luz.
Eras como um eclipse a destronar o sol, uma deusa gótica
Que na alma carregava uma agonia despótica,
Pois teu sofrimento, pelo mundo e pela perda era como o de Jesus...
Mas tu não desististe da vida e nem do mundo.
Sonhaste com o amor... Mas foi em vão! Não eras mais capaz
De senti-lo depois da decepção da existência, nada mais te apraz
E resta uma "felicidade" vazia e mascarada, um "viver" tão profundo...
Aguardas, embora negues, o silêncio e a paz da sepultura.
Ris diante dos outros, mas quando solitária em teu leito, choras...
Quando se aproximam para o amor, vês um crepúsculo nas auroras,
Posto que a face a qual sorri luminosa, derrama a lágrima escura...
Compadeço-me de tua dor! Eu queria poder curá-la, livrar-te dos vis
Acontecimentos de toda a tua lúgubre história...
Mas, não és capaz de amar mais, ó virgem linda, mas sem glória...
Tentaste rir, tentaste amar, tentaste superar... Mas não és feliz...
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