Ao relento, sempre imóvel, porém constantemente impassível,

Estás entregue ao fardo de permanecer, sina inflexível

A qual o prende em um corpo como o meu, mas sem vida

A espantar os pássaros e preservar a plantação florida...

 

Entendo-te, porque sou como tu ó! estranho espantalho!

Parece-me que diante da solidão, diante de perder eu nunca falho.

Parece-me que também espanto os pássaros do amor

E convido a fustigar meu corpo todas as tempestades da dor...

 

Observo o passar das estações esperando... Sempre esperando...

(Cada vez mais sinto a sorte escapar de meu viver miserando...).

O tempo não me mostrou novidades e sim, me prendeu...

 

Prendeu em um sonho impossível. Prendeu em algo que já morreu

E que somente eu não entendi... Fiquei entranhado nesta terra

Onde espero em vão: Espantalho que, aparentemente, todo amor aterra...