MINHA VELHICE
 
A minha rabugice revela minha dor.
O espelho desvenda sem amor,
as linhas do meu rosto,
as marcas da minha idade.
O tempo avançou rápido !
Onde ficou meu passado?
Deixei minha infância passar...
 
As mudanças no meu corpo,
cheio de limitações,
e de passivas aceitações
deste meu ser improdutivo...
Sou cativa do tempo !
Onde ficou meu passado?
Deixei minha adolescência passar.     
 
Incontáveis e sofridas perdas,
Foram saudades e amores sufocados,
dos sonhos dissolvidos pelo tempo.
No meu olhar perdido e vazio,
Só vejo as imagens do meu interior.
Onde ficou o meu passado? 
Deixei minha juventude findar.
 
Cruel peso dos anos:
meus cabelos brancos,
minhas pálpebras caídas,
mãos tremulas e enrugadas.
meu corpo magro e sem força
Onde ficou meu passado?
Deixei minha adultícia passar.
 
Neste tom descontente,
restaram-me poucos anos,
nesta minha vida sumária.
Sou sendo dissolvida pelo tempo.
Agora, a minha amiga e cúmplice,
é uma bengala para me ampara.
Nestes meus dias de escassez,
O tempo há também de passar
nesta minha longa e sofrida vetustez.
 Madalena – Março 2012
 
 
 
 
 
 
 
 

Madalena Ferrante Pizzatto
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