Lixo
 
Recebo lixo,
Compro lixo,
Trabalho no lixão,
Trabalho no lixo,
 
Vivo no lixo,
Como no lixo,
E tenho como companheiro,
O urubu rei,
E o urubu boiadeiro,
 
O meu cachorro que sempre é meu companheiro,
Tem dia que vai embora mais cedo,
Não suporta o mau cheiro;
 
Chega à tarde,
Cai à noitinha,
Não consigo nem um transporte,
Que me leve a qualquer ponto cordial,
Tenho tanto mau cheiro,
Adquirido no meu trabalho verdadeiro,
O único que sustenta a minha família,
Para uma transição social;
 
Os meus companheiros,
Que já são hospedeiros naturais,
Levantam vôo deste local,
Voam se esterilizam,
Numa corrente de ar quente,
Deste límpido país tropical,
Volta no outro dia,
Sem efeito colateral;

João Marques JM
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