Visões – Pequeno Final em Cinco Atos
I
Espero,
Desespero
Naquela estação no meio do caminho.
A gente não combina,
E dessa impossibilidade
Nasce violento o que nos une.
II
Meus olhos …
Agora estou debruçado neles,
Nas minhas janelas d’alma,
Dependuro-me suicida
A fumaça do cigarro,
Desenha os fantasmas
Que persigo lá,
Do meu lado de fora
III
Espero, desespero
Mas não consigo chorar
Como uma criança perdida e com medo.
Trago frio o olhar
Por que já não vejo a tua sombra
Misturada à minha nos dias de sol.
IV
A estação já está quase deserta
Breve estaremos desertos.
Imensidões de coisa alguma.
Talvez fosse possível perder esse trem
E ainda assim prosseguir viagem,
Mas não posso embarcar sem você ao meu lado.
Teria sido justo
Continuarmos caminhando
Com nossos destinos atados aos nossos medos?
V
Todos já partiram
Estamos desertos
E nosso trem já se foi
Tudo escureceu
Já não te enxergo
Não te alcanço.
Solidão e medo
Na noite escura e fria.
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