paisagens de minha vida

a paisagem que estes meus olhos admiram

me traz empolgantes momentos de fluxo

o soberbo cinza cobrindo a imensidão

expressam a minha imortal confusão

 

a luz escassa de uma manhã chuvosa

é suficiente para desenterrar a paz em meu peito

este que guarda um coração pintado de fel

e ausenta-se da paixão inerente ao calor da vida

 

nesta cidade, onde os prédios tiranizam as minhas montanhas

é necessário voltar os olhos para o meu profundo e imaginar

areias escleróticas como as do tempo e eternos oceanos

pertencentes a um paraíso que pulisânime nenhum é digno de morar

 

ainda não posso voar, pois o ser ainda não ascendeu à falta de juízo

e não quero ser um espírito para ser mais leve que o ar

mas quero que atirem-me contra os braços da vida

e recordem do momento em que o júbilo transcende o sorriso guardado

 

não devo amar enquanto a mim eu não amar

para tal realização, necessárias são as ações gloriosas

desvendar o que o falso moralismo me enganou quando eu era jovem

e não ter vergonha alguma do choro insensato pelas coisas belas

 

amigos, que sejam elementares como fogo e água

de suas essências, nascerá aquele que os amará acima de tudo

são estes que eu canonizarei

estes que eu me orgulharei a todo instante

 

e para fenecer satisfeito, antes eu terei a quem se delicie dos meus lábios

alguém que zelará o meu peito com mãos famintas

e fará comigo um novo mundo antes que o Sol nasça detrás daquelas montanhas

aquelas da paisagem que os meus olhos admiram..

 

Ariel R.
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