Viagem à estação

Luzes, escuridão
Luzes, escuridão
O balanço, o vagão
O quieto, o fanfarrão
Malas, as bolsas
Rapazes, as moças
Risos, olham para mim, externo o calor que faz
Sozinho
Escrevo na ânsia de tua estação chegar
Berros
Retiram minha atenção, mas não posso perder o foco
Qualquer um teria descido na última estação
Tenho bons motivos para continuar firme
Aonde eu estou?
Não posso perder a conta, na próxima é baldiação
Desci, subi
Quanto mais perto chego, mais aumenta o desejo de vê-la
Quando tua estação vai chegar?
Passo por apertos, estou no trem
Quase não posso respirar, qual droga usaste?
Estou viciado em ti
Não sei se agora é crise de abstinência ou claustrofobia
Sei que devo acabar com esta clausura do vagão e com a falta que fazes
A temperatura mudou...
Ah! Sim, já posso senti-la mais perto
Em poucos minutos minha angústia acabará
Tua vinda traz os mais puros perfumes
Vou derramá-los em meu corpo
Quero ter uma lembrança tua quando novamente partires
Deus escolheu tua trajetória
Tenho que correr o mundo inteiro se quiser tê-la o ano todo comigo
Não posso ficar contente com um quarto de ano
Como vou ter uma flor para oferecer todos os dias à minha digníssima?
Venha, Primavera
A alegria abre as portas para tua entrada triunfal!
Agora posso provar meu amor ao som da tua estação, o canto dos pássaros
Enquanto estiveres aqui será sempre minha e minha dona
Maravilhosa primavera
Por que rimas com longa espera?

Victor Martins
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