Tarde vazia, canta uma cigarra vadia
Entoa a sua morte, multiplicando meu fastio
Viaja na brisa, teu adeus em agonia
Saudade da terra. Eu ainda sinto o vazio
 
Odores fétidos infeccionam o meu dia
Enfadado e sem riso. Acendo o pavio
Explodo o tempo. Cresto a minha alergia
Meu mundo no teu espelho não é refletido
 
Poeta clandestino. Oh! Quanta demora
O vôo do teu grito em versos medonhos
Ao caçador de humanos, vem e o implora
 
Unir essa paixão incompleta, uma alma que chora
Em noites ansiosas, umedecendo os meus sonhos
Por lábios cor de rosa. Onde anda você agora?

 

 

Murilo Celani Servo
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