Homens brincando de Deus,
O poder da criação
Foge de suas mãos.
Na recordação da escravidão,
Dos malandros em rodas de bar,
Até da cozinha de nossos avós
Nasce o ritmo que degusta
Minhas aflições
E apresenta um êxtase
De gingado e sexualidade.
Perco a noção de quem sou,
Mergulho no íntimo de quem não sou,
Só para ser,
Enquanto o batuque não cessar,
Tudo o que nem sei quem sou.
Nem o amanhecer apaga o rebolado
Daquela morena, ah, aquela morena,
Tomou minha alma desde o primeiro
Refrão puxado pelo pandeiro
Nesta calorosa noite
Manchada de confetes.
Renaro Cardozo
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