Sem perceber fui arrebatado,
penetrei meus olhos atrevidos
no cerne da tua alcova:
coisa mais lida, quase morri!
Meditei cada canto,
como um felino marquei território
procurando-te por entre tuas coisas.
Teus objetos pessoais
parece até que me conheciam,
cada coisa que eu via eu amava,
você estava presente em tudo.
Tudo sorria, tinha vida o objeto mais singelo,
até a porta parece que ao ver-me
escancarou-se ao largo dos meus olhos
que ávidos correram pros teus abraços...
Tu não estavas alí em corpo
mas tuas coisas irradiavam da tua presença,
meu olhar brincou com cada intimidade tua,
teu perfume, impregnado no recinto, grudou em mim.
Era de tal magnitude aquele momento
que me fez perder o rumo do caminho:
eu precisa sair, ir-me embora,
mas fiquei a esperar-te na noite.
Voltou para a rua só um pouco de mim,
o meu tanto maior ficou na solidão do teu quarto.
Tu chegaste pontualmente às horas que não vi...
E não te apercebeste que virei um objeto teu.
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