Num recôndito cantinho da pátria de camões, nestas terras lusas
Atrás dos montes agrestes, salpicados de sumptuosas oliveiras
Surgem no vale, os terrenos cultivados pelo suor do camponês
Na formosa aldeia de Sanfins, meu berço, minha criação
Ali, nasci eu, nessa ditosa e amada aldeia Nordestina
Ser inocente que percorreu aqueles vales, desde o raiar do Deus sol
Banhava a minha face com a sua luz, uma chama de esperança
Percorria alegremente os campos de cultivo, povoados de vida!
Polvilhados de uma imensidão de pureza, onde não entrava a maldade
Assim era a minha aldeia, um berço de gentes com faces de labuta … mas serenas!
Nos intermináveis episódios de memória, que guardo, sinto o cheiro das hortas frescas
Do suculento melão amadurecido pelo tempo, que colhia com prazer.
Aquele néctar dos deuses, com o qual me deleitava e saciava!
Tudo era pureza, apesar da rudeza das vidas das gentes do interior
As suas almas eram límpidas numa transparência que cegava
O tempo – carrasco, passou e não perdoou. A aldeia mudou … tudo mudou,
Foram gentes que se sumiram com o seu radioso sorriso, recheado de humildade!
As coisas não são agora tão clarividentes e puras aos olhos de um adulto.
Foram-no é certo, outrora aos olhos de uma criança órfã e pura
Criança … agora homem, que vê a crua realidade do agora!
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