Poesia de um ser humano em desalinho:
Em completo desalinho, sigo meu caminho.
Em profundo desalinho, sigo sem ninho.
Em total desalinho, permaneço sem rumo.
Sigo sem um lugar, sem estrada.
Caminho em desalinhos.
Sigo em linhas curvas a estrada de minha vida sem rumo e sem plumo.
Olho para frente e vejo o monstro de olhos vermelhos dando gargalhadas.
Não existe mais gente a minha volta.
Só monstro querendo devorar seus iguais.
Pessoas que só pensam em números e normas tratam a si e os outros como máquinas.
E eu presencio a escuridão de um mundo em completa destruição.
Não há mais paz, meu irmão.
Só há dor em meu coração.
Contemplo o mundo com minha alma cansada meio moribunda.
Meu coração quer ter esperança, mas a dor corta minha carne.
E o sangue que inunda meu corpo, traz mágoa e ódio.
Eu sou o refúgio de uma lágrima insistente.
Eu sou um caminhante que caminha mesmo quando parece não haver caminho.
Eu sigo lutando sozinho.
Sigo buscando me encontrar.
Eu luto em busca de minha paz e do sentido para minha caminhada.
E pela estrada manchada de pus e sangue sigo buscando, lutando e chorando.
Meu coração sangra de dia e noite e as pessoas que ficaram no passado só trazem dor.
Gente que só pensa em números, poder e estabilidade; acabam sendo menos gente e muito mais uma máquina.
Eu sou esse sujeito em desalinho, caminhando pelos trilhos da vida, tentando encontar um caminho, mesmo sabendo que talvez não haja caminho.
Eu sigo sozinho em desalinho por estradas vazias: estradas vermelhas de sangue.
E assim vou percorrendo sozinho o mundo de minhas lágrimas.
Vou sofrendo, chorando, sorrindo, caminhando sempre de cabeça erguida.
Vou procurando ser eu mesmo, apesar de tudo e todos.
Os inimigos estão lá fora disfarçados de amigos, mas não me engano: são todos lobos em forma de cordeiro, louquinhos para beber meu sangue.
Mas, eu sigo firme em meu caminho em desalinho, sem ninho, sem rumo; e sem olhar para essa gente obscura.
Eu só quero ser eu mesmo.
Só quero o direito de viver, sem ter que vender meus sonhos, minhas ilusões e meus ideais.
Deus, ilumine esse seu filho perdido.
E me dê a glória de seguir sempre assim em desalinho, mas de cabeça erguida.
Eu quero ser a luz que atravessa o céu.
Eu quero ser a esperança que nunca morre.
Quero parar de sentir dor.
Quero simplesmente deitar e dormir, sem lágrimas e não mais nenhuma angústia.
Quero sonhar com um mundo melhor.
Quero buscar um mundo melhor.
E quero esquecer para sempre todos aqueles que me feriram na alma.
Eu só quero um rumo em meio a meu desalinho, em meio a meus descaminhos.
Quero ver a face doce dos anjos ao deitar, e não mais a face chifruda das trevas.
Eu quero olhar o mundo com os olhos de uma criança: sabe, eu só quero um pouco de esperança.
Deus, esteja comigo em minhas dores.
Deus, esteja comigo em minha luta contra as trevas do passado.
E Deus me dê forças para esquecer todos que me fizeram mal.
Pois, que eu não desejo perdoar nem ser perdoado.
Pois, sim, que o perdão cabe somente a Deus Pai, a mim só cabe esquecer e ser esquecido por todos que me machuram.
Daqueles que me atiraram pedras e me sangraram na alma só quero a felidade da distância.
Não quero o cumprimento do passado sorridente.
Eu quero somente o esquecimento.
Só quero viver minha vida em paz, sem ter que prestar contas de como eu estou.
Se estou bem ou mal ninguém precisa saber.
Deus sabe, e no fundo só Ele pode realmente fazer alguma coisa por mim.
Eu só quero a solidão do desalinho, do viver sem plumo.
E quero a felicidade de nunca mais ver aqueles que me tiraram os sonhos, que me roubaram o pão.
Daqueles que me discriminaram por ser simples.
Daqueles que oprimiram por buscar o que é certo.
Eu quero a certeza de nunca mais ver um sorriso de cumprimento dessa gente imunda.
Quero caminhar livre de ódio e de mágoa.
Quero seguir rumo ao vento que vem e vai, mas nunca mais será o mesmo.
Quem vive de passado é a história e eu nada sou além de uma alma buscando um pouco de felicidade no mundo.
Não quero mais ter que prestar contas do que sinto, do que busco.
Tudo isso é meu e somente meu: podem me tirar tudo e tiram, mas uma coisa ninguém jamais tirará: minha vontade de ser feliz.
Agora não há mais palavras.
Não ouço mais voz.
E eu só sinto a escuridão.
Meu corpo sangra em profusão.
Mas, haverá o dia que haverá luz e todos aqueles que me fizeram mal estrão bem longe de mim, num lugar que só a eles interessam.
Porque eu só quero a paz de não mais pensar nas injustiças que sofri na vida.
Eu só quero o alívio de esquecer e ser esquecido por todos que me fizeram mal.
E assim, quem sabe poderei eu um dia finalmente ser feliz, sem mágoa, sem dor e muita luz no coração.
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