COTIDIANO
Nazaré, 30-12-2010
Primeiro ao sexto mês:
Um homem e sua mulher
Desciam a rua Acácia.
Eram 7:45 hs.
Era a mesma coisa todos os dias
Na ida, cumprimentavam Dona Filomena,
Que já se encontrava na janela.
Mais adiante cumprimentavam o pipoqueiro.
Já no fim da rua
Ele beijava sua mulher,
E ela voltava para casa.
Ele ia para o trabalho
Que ficava na avenida principal.
Exatamente as 18 hs.
Ele saía do trabalho,
E ela saía de sua casa.
Eles se encontravam,
Exatamente no mesmo lugar
Em que haviam de despedido
Exatamente as 18:15 hs.
Como sempre, ela perguntava:
-Porque demorou tanto?
E nunca fugiam à rotina.
Um triste dia ele foi demitido,
Enlouqueceu e abandonou a casa.
Sua mulher suicidou-se.
Seis meses depois
Ele arranjou outro trabalho,
Numa padaria que ficava
Em frente a sua antiga casa,
Que ele já havia vendido.
Passado mais dois meses
Ele conheceu outra mulher,
Que morava no fim da rua Acácia,
Exatamente no lugar em que ele
Se despedia de sua antiga mulher,
E foi morar com ela.
Logo passou a fazer
O mesmo percurso todos os dias,
Exatamente as mesmas horas,
Só que ao contrario.
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