Ausente de mim, querida
Abres no meu peito uma avenida
De noites claras, mal dormidas
Avassalas meu ser de saudade contida
Sem ti, amanhece tão bestamente a vida.

Guardado está o sentido
No rosto com que te miro
Neste afoito suspiro
Que te segue escondido.

E suspenso no meu sorriso
Com um beijo partido
Nascente de um coração nutrido
De plausível amor infinito.

A saudade viaja comigo
Feito orquestra sem maestro
Que executa notas sem sentido
Para um público surdo e cego.

Segue fiel e doce o desencanto
Tão sereno é seu compasso
Que me vejo em ti meu anjo
Levando-me no afago de teus braços.

Quem me dera fossem, meu Deus,
Verdadeiras estas emoções oníricas,
Quão bela seria minha vida!
Seria eu um rei maior que Zeus.

Curitiba, 20/07/2004