Será que também sentes essa dor amiga
Que cresce no peito e abriga
Diamantes de luz
Cor de alma que reluz
Feito um verso de cantiga?
Será que também sentes o inferno no ar
Que arde sem abrasar
E espalha seu fogo ameno
Pela noite como sereno
Queimando até refrescar?
Será que também sentes o ritmo insano
Desse amor antigo, arcano
Que se dá como o mar aos rios
Provocando tantos desvarios
Já há bem mais de um ano?
Será que também sentes o corcel furioso
Que galopa no corpo, fogoso
Louco pra ir em nu cavalgada
E mergulhar fundo na madrugada
Contigo por mais que seja perigoso?
Será que também sentes como vibra
Dentro do corpo cada fibra
Quando só em pensamentos
Nos sentimos em todos os alentos
Tornando a vida mais viva?
Vem, minha amada. Vem e me sente
Em tuas entranhas, forte, pulsante
Surgindo qual eco gritante
A iluminar-te feito brilhante.
Vem comigo e ambos
Teremos o que anelamos
Que é juntos viver sem dores ou danos
Pra sempre num mundo livre de enganos
O mundo só nosso, em que somente nós
Felizes e livres de todos os nós
Como dois sóis, a sós nos amamos.
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