Eu canto o final assim como
Vejo o que almejo,
Canto os caminhos pérfidos
Que minha alma foge
Na calma das horas,
Encontrando-me, lá.
Eu canto o que não vejo,
Aliás, vejo, não com olhos crus,
Sinto e canto para ele
Mesmo longe, mas muito perto
Do meu eu.
Canto minhas derrotas,
Pois múltiplas,
Canto o espaço entre o Lá e o Cá,
Vivo o presente.
Canto o presente no presente,
Canto o eu agora, não menos eu
Do que antes, mas de alguma forma mais eu,
Canto o passado no presente,
Canto o eu antes como vejo agora,
Não menos eu, comparando-me.
Canto as histórias que ouço por ai,
As essências, de Príncipes e Rainhas,
Ator e Atriz, entre personagens,
No momento canto somente,
Canto minha alma que já não é minha
E paradoxalmente minha,
Não compreendo onde a outra se escondeu,
Aquele eu some
E o eu no palco
Encara as palmas esperançosas,
Palmas ternas, olhares afoitos,
Canto a vida.
E as cortinas se fecham.