Temo as verdades que desvendei.
                Chega de paredes.
                De escadas exatas.
Minha ilusão se queima aos poucos.
Aceito a imperfeição.
Não posso viver totalmente,
o absoluto não existe.
 
Tudo é efêmero como um sonho.
Uma estranha ausência de vida.
A paixão reveste-se de uma carcaça de dor.
O vento se torna um soluço.
Tons de amarelo,
                ausência de sabor.
Preciso partir.
Meu suprimento de coragem está acabando.
 
Nunca sei o que deve ser jogado ao mar
para não sobrecarregar minhas asas,
para diminuir a exaustão de meu corpo.
Despencar no abismo de minha existência.
Não há nada de belo em minha dor.

Madu Dumont
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