Quando você canta minhas emoções mais profundas se exaltam, quando você se aproxima com seu canto entorpecente, com suas mãos ávidas a qualquer sintonia, eu me vejo remediado no gozo de querer-te eternamente.


Foge de mim antes que eu perca o controle, antes que eu descubra em teus beijos um mar de contentamentos afrodisíacos.
Foge de mim agora, porque o sabor de teus beijos até então é irrelevante, não deixe que eu me afunde neste desejo insano de querer-te.
Foge de mim hoje, porque noutro dia não sei se poderei conter-me da alegria que seria tocar-lhe os lábios.
Foge de mim neste instante porque temo não haver mais forças dentro de mim para que eu possa privar-me de tantos momentos belos entre teus toques.
Foge de mim antes que eu morra de prazer tendo então teus olhares e teus beijos ternos em minha vida.
Foge de mim por um pedido triste de quem não suporta mais fingir.
Se não és capaz de me amar, peço-lhe mesmo com o coração apertado que partas para que eu não tenha tempo de me desesperar ao olhar em teus olhos o desprezo que me aguardas.
Se não és capaz de desejar-me, tocar-me o rosto, beijar-me os lábios, olhar-me com um amor incomum a qualquer um outro, que fujas e permaneça no desejo que tens de me possuir, que alimente a saudade que a nossa intimidade delicada causará em teu peito, que contemple a inexistência de momentos que ficaram apenas em nossas mentes.
Que por fim delicie se de instantes tortuosos que serão os que passarão longe dos meus olhares.
Porque eu meu amor, eu vou viver pelos cantos de angustia, saboreando os mesmos sentimentos que você, os mesmos dissabores, as mesmas inquietações!
Porque eu meu amor, vou morrer a cada segundo por faltar-me esperanças, as mesmas que me erguem agora. Porque eu vou viver uma vida muito sombria, os quão amargos serão os meus dias quando eu por fim lhe abraçar pela ultima vez, beijar-lhe as faces pela ultima vez. Cessarei meus olhos e suspiros pungentes sairão de mim quando eu acordar e ver que não haverá melancolia em mim por estar em teus braços, por ter lhe beijado a boca num impulso duvidoso, por ter vencido a mim mesma. E te conquistado.

18/07/2004