QUEM SOU EU? II
Eu sou aquele que anda
Pelas ruas da cidade
De um lado para outro
Sem paz, sem tranqüilidade
Maltrapilho e tristonho
Cheio de infelicidade
Procurando o que comer
Pedindo por piedade
Não sei quem me pôs no mundo
Não sei para onde vou
Também não sei de onde vim
Só sei que aqui estou
Levando esta triste vida
Que o destino me traçou
Apesar de ser tão novo
Já me cansei de viver
Às vezes chego a pensar
Um fim nesta vida dar
Pois acho melhor morrer
Porém fico a esperar
Em vão que a felicidade
Venha logo ao meu encontro
E me faça feliz de verdade
Cansei de pedir favores
Aos que passam diariamente
E caminham em minhas ruas
Porém infelizmente
Tais pessoas não conhecem
Meus direitos e simplesmente
Chamam-me de vagabundo
À toa e indigente
Não tenho onde morar
O viaduto é minha casa
E os becos escuros, meu lar
É lá que faço a minha cama
De jornais, de papelão,
O cobertor fica a critério
Da natureza que então
Às vezes manda um sereno
Ou uma leve garoa
E às vezes um pé d´água
Pra fazer da minha casa
Uma tremenda lagoa
Meus pés , cheios de bolhas
De cascões e de sujeira
De tanto andar descalço
Rodar a cidade inteira
Não sei qual será o meu fim
Pois já me convidaram a entrar
Para a criminalidade
Mas não quis, vou esperar
Procure-me, o quanto antes
Ajudem-me, por favor
A mudar a minha vida
Deixar de ser sofredor
Não perguntes quem sou eu
E nem porque aqui estou
Pois nem eu mesmo sei dizer
Quem sou eu, nem o que sou
Os mais sábios e os mais cultos
Deixam sempre o seu recado
Que o futuro do país
Pelas ruas anda jogado
Dizem eles que o meu nome
É: MENOR ABANDONADO.
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