Quem se lembrará de mim quando eu me for?
Não deixarei mais que pó nesta terra...
Ninguém testemunhou minha dor, minha guerra;
Ninguém contará meus feitos, com louvor.
Sou feito de átomo vil e carbono;
Me transformarei em infame matéria.
Beberá meu sangue – esse verme – da artéria,
E nem do meu corpo serei mais o dono.
Do berço ao túmulo, sozinho na estrada,
Me sobram os véus da cintilante morada,
E me acompanha assombrado o desespero meu;
Pois tua certeza atormentou-me a vida,
Foste o horror, a esperança perdida,
Mas o derradeiro amigo que o sepulcro me deu!
(2008)
Mônica Gomes
© Todos os direitos reservados
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