tento a fuga, dissimulo
finjo que não sei
mascaro, não encaro
mas eles estão a espreita
me vigiam, me extraviam
sabem de mim
não batem a porta, já estão dentro
vem ter comigo na noite da minha inconsciência
atiram flechas em meu peito e me fazem sangria
me deixam marcas profundas
só assim os vejo
só assim me vejo
meu outro eu não é o Deus que tanto sei
meu outro eu tem a face daquilo que não quero revelar
quanto mais divindade tenho em meu dia
mais demoníaca é minha noite
são eternas chamas que queimam, abrasando-me
dança incandescente entre sombra e luz
aliança harmoniosa e transcendente
entre meu eu que sei
e meu eu que hei
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Sandra Regina Coelho
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