Penso com fôlego, sem fôlego:
A mente mastiga a frase
Poder ao Povo,
E não consigo tornar exequível o sonho.
A mente vaga errante, errática
Por descampados, vácuos e reinos da impotência:
Lugares onde a miséria humana
Faz-se a eterna etérea presença!
Cavalga-me pelas pradarias da verve
A voz de Renato cantando
Vento no Litoral,
Enquanto a voz de Cazuza,
Buscando agônica
A ideologia perdida,
Adormece nas asas
Da sua precoce supernova afinal.
Ah, é quando o ladrar pressuroso
Dos cachorros expulsa
A minha consciência
Da labiríntica viagem --- até então ---
Á margem do taciturno sabor do pouso
Sobre o solo da gravitacional realidade.
Enfim sinto passear,
Pela rodovia da boca,
O antigo gosto da vida-normalidade;
Entretanto, para não deixar esta aventura
Ao bel-prazer de uma página em branco,
Procuro a flor da catarse,
Que germina e desabrocha
Como um poema prolixo, insano:
Facunda topografia do absurdo humano!
JESSÉ BARBOSA DE OLIVEIRA
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