Em um jardim encantado,
De flôres alcatifado,
De inebriante esplendor,
Num mumúrio angelical,
De um hino celestial,
As flores falam de Amor.
Nesse jardim encantado,
De florês alcatifado,
De inebriante fulgor,
Da própria côr, tão formosa,
Disse um LÍRIO a uma ROSA;
Ouviu a frase uma abelha,
E a ROSA pôs-se vermelha,
Num requinte de pudor,
E a Abelha alcoviteira
Espalhou alviçareira
Aquele idílio de Amor.
Um lindo CRAVO encarnado
A Cupido escravizado,
Morto de amor por ela,
Num assomo de ciúme,
Deprimiu-lhe até o perfume,
E a ROSA fêz-se amarela.
Mas, uma Vespa maldosa,
Foi ao LÍRIO, pressurosa,
Contar o caso a seu jeito;
Que a ROSA e o CRAVO encarnado
Do LÍRIO haviam zombado.
E......o namoro foi desfeito.
Busca, pois, a ROSA às pressas,
E conta o fato às avessas.
A ROSA, sincera e franca,
Acreditou na mentira,
Que a boa fé lhe iludira,
De desgosto fês-se branca.
Eis a razão por que as rosas
Tem as quatros côres formosas,
Retratando-lhe a emoção:
AMOR, PUDOR, e RECEIO
DESGOSTO, que causa anseio,
No íntimo do coração.
As flôres peço perdão,
Desta injusta ficção,
Que é fruto de fantasia,
Pois só no momento das flores
Existem paz e amôres,
Não reside a hipocrisia!
Noutro jardim encantado,
De flôres alcatifado,
A que chamais S O C I E D A D E ,
Nesse, sim, se há perfumes,
Há, também, traições, ciúmes,
E Vespas em quantidade!
Jaubert
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