O circo chegou
A notícia já se espalhou
Breves momentos de paz
Palhaço andarilho,
carrega bagagens de tristeza
Caminha em meio à natureza
Seu amor a cada dia se desfaz
Esperança que jaz
Ela vai sumindo com o vento
Lágrimas ao relento
Perdeu sua alegria com o tempo
Sofrimento
Usa seus disfarces de beleza
Cruzou novamente o jardim
Inocente borboleta assustada
Se foi pela deserta estrada
A pintura de um rosto acinzentado
Com detalhes coloridos salientes
Seus olhos cansados
Dormentes...
Risada aguda, desesperada
Metade da boca pintada
Outra metade velada
Homem irreal, ambíguo
Faz do circo seu abrigo
Detalhes esquisitos nas vestes, sem jeito
Um vazio no peito
Seus medos somam-se aos erros
Guarda muitos segredos
Olhar perdido, frio
Mudou o curso do rio
Retirou-se sem emoção
Não fez seu show
Descansa sua amargura em outro coração
Porque um dia se acovardou
Perdeu a graça, ouviu o eco de seu “não”
Palhaço andarilho rodeado de bailarinas opressoras
Duas vidas encobertas
Inconstância, ostracismo, perda de valores
Na mão, um murcho buquê de flores
Palhaço andarilho, novamente, vai partir
Para a terra do “Vamos Fugir”
Escondeu seu rosto na máscara, fez um jogo
Dança num mar de fogo
Finge que é feliz
Acredita ser festeiro
Rompeu-se sua raiz
Razão versus Emoção
Naufrágio sem intenção
Vontade oscilante
Ser errante
Palhaço andarilho
Saiu dos trilhos
Sufocou seu brilho
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