Havia um mendigo. Sempre a perambular por aí. Não tinha casa, o mendigo. Via e ouvia falar em muitos outros como ele, mas nunca deveras acreditou que tinha no mundo um semelhante. Mas nem sempre fora assim. Passava dias e noites relembrando o Passado Glorioso, ou seus quase-não-fracassos adornados pelo prisma de sua atual miséria.E ia vivendo de esmolas. Sempre a incomodar os passantes com sua mão suja estendida... Alguns lhe cediam alguma moeda que estava ao bolso e toda sua existência se fazia em esperanças de um renascer do sol, mas jamais eles voltavam e jamais recebera mais que algumas moedas.Sobre o mendigo, sabe-se que viveu pouco, e só. Em seu velório desconhecido, nenhum passante compareceu. As moedas que lhe deram não eram moedas nem foram dadas: simples ilusões de amor, vendidas ao preço de uma vida que se esvai.
Sua miséria era mais grave.

Co-escrito por Pedro Carvalho e Victor Pimenta

Não acho que esse texto esteja terminado. Amo sua idéia, mas não consigo lapidá-lo do jeito que ele merece...

São Paulo

Pedro Carvalho
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