ERA UMA VEZ UMA MENINA

ERA UMA VEZ UMA MENINA

           Era uma vez...
           Era uma vez uma menina. Não uma menina comum, mas uma menina que tinha uma fantasia. Uma fantasia ilusória. Dormia e acordava no seu espaço reservado para sonhar. Espaço aleatório ao que vivia. E que sentia.
           Era uma vez uma menina que sonhava. Sonhava acordada olhando o céu, quando o céu estava azul e quando o céu estava de todo cinza. Mas sonhava em ser a primavera com suas cores e flores. E na sua dor imaginava um pássaro. O bem te vi que cantava nas suas manhãs, adentrando-se à sua janela transparente, onde ela olhava o mundo através do brilho dos seus olhos. Um brilho que contrastava com as cores de um prisma em direção ao sol. Esses olhos é que a fazia sonhar com o mundo paralelo à sua vida, seu carisma.
           Tinha os olhos pretos como uma jabuticaba grande, vivos, absortos, a espreita dos detalhes, a espreita dos movimentos reais.
         Em seus sonhos havia um palhaço. Um palhaço azul, vindo do sul, vindo do nada, e do nada, ela sorria, como se a vida fosse um teatro, o cenário seu quintal, e as chuvas, as sombras, as folhas seu mundo irreal.
         Em seus sonhos havia também uma dançarina feita a nectarina de uma flor. Uma dançarina, como aquelas que desenham a música, usando o corpo para iluminar o tom da terra e o mar. Dançarina feita à lua que passeia pelo céu iluminado, feito um candeeiro aceso para clarear seus passos infindáveis. Passos que falam, passos que levitam e a leva nos lugares misteriosos e infinitos. Uma dançarina que imitava o vento no seu movimento quase invisível. Perfeita sintonia serena entre o ser e o estar de cada lugar inexistentes em seus sonhos.    
           Era uma vez uma bela menina que gostava de pássaros,pássaros, pássaros inquietos e verdes, pássaros anjos. Pássaros de todas as cores. Voava com suas asas brilhantes feito com o pó das borboletas coloridas. Alcançava as alturas, chegava perto das estrelas.
           Mas essa menina de cabelos cacheados e longos, de olhos pretos que nem a jabuticaba, que andava descalça ,que brincava com as conchas do mar, tomava banho de chuva, subia em árvores, brincava de bonecas e fazia barquinhos de papel para a correnteza levar seus lindos sonhos a algum lugar imaginário, um dia cresceu.
          Virou gente e resolveu escrever... Escrever o que não se lia em livros didáticos e pedagógicos. Escrever sua poesia e magia de viver eternamente com o coração.
           Escreveu... Escreveu... Escreveu... Até o céu escurecer e a madrugada levar seu sonho de menina. Escreveu até seu sono chegar e adormecer nos braços da ventania que a levava  para bem longe, onde o lugar e o tempo não existiam. Onde seu espaço era como uma clarabóia clandestina que se avistava de um navio. E por lá ela partiu, deixou pensamentos e incógnitas que seriam resolvidos ao longo desses anos. Hoje ela lembra com saudades. Saudades de um tempo que não volta mais, mas que está marcado em seu rosto suave e no seu sorriso eterno.
 
Soraia.
 
 
 

E mais outro..rs

por ai