Não Somos Cecília... Nem Drumond...

não quero gestar a poesia
acadêmica, quadrada,
amarrada, amordaçada,
com regras a lhe encarcerar...
nem a sonho transpirada,
em seus versos picotada,
podada, assaltada,
de alma dilacerada,
somente prá em regras entrar...

não busco a poesia fria,
onde falta festa, folia,
dança e alegria,
a musa, o poeta
e até o mercenário...
escrita para agradar
somente o saber, o ego,
de alguns cartolas literários...
que acham que os poetas bons
fazem parte do passado
e desde lá não têm
mais nenhum consagrado,
por não serem Cecília ou Drumond.

quero a poesia musical
que despeja emoção
de um jeito simples
ou fenomenal...
riscando o papel
sem preocupação
com regras e estruturas...
busco acordar a poesia
por tanto tempo adormecida -
como era a minha vida -
que seja viva, afiada,
feita de acertos e rasuras,
que humilha e também orgulha
que seja faca e agulha...
que corta e também sutura !

não acho ser minha poesia
uma mera mercadoria,
jogada sem estribeiras
nas prateileiras de uma feira
querendo só se vender
em eterna promoção...
vejo-a um talento precioso,
pelo mestre me dado como dom, tesouro...
em letras que contam histórias,
falam de pessoas -  memórias- 
dizem de Deus, de mares, estradas,
dores de amor e paixão...
dos sentires da alma poeta
que toca com os dedos palavras,
como se fossem as cordas
de uma harpa ou violão !

Maria
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