A cor do vento

A cor do vento

 No pico da montanha, ouço o som das curvas do vento.

Chego à janela para tentar vê-lo, mas a ventania é invisível, implacável.

Corre de um canto a outro como uma criança levada,

de modo que somente reconheço seus movimentos no seu encontro

com os galhos esvoaçantes das árvores, nos cabelo s compridos e nos

vestidos de pano leve que voam alto,

nas roupas no varal que a dona de casa se apressa em apanhar.

 

É assim que vejo o vento através de outros corpos,

como Hermes mensageiro alado anunciando a chegada da chuva.

De repente, ele parece um senhor apressado que bate à porta

querendo invadir nossa casa, sacudindo as janelas e os vidros

tão forte perto de parti-las em pedaços.

 

É esta a cor do vento: a invisibilidade,

é o incolor que se soma aos outros tons do arco-íris,

que ninguém vê, mas está ali.

Hoje eu fui o vento. E o bom de me sentir invisível foi poder voar como ele, com ele...

Dançar em sua companhia, como aquela folha esquecida no chão.

 

 

 

Michelle de Oliveira Rolim
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