A cor do vento
No pico da montanha, ouço o som das curvas do vento.
Chego à janela para tentar vê-lo, mas a ventania é invisível, implacável.
Corre de um canto a outro como uma criança levada,
de modo que somente reconheço seus movimentos no seu encontro
com os galhos esvoaçantes das árvores, nos cabelo s compridos e nos
vestidos de pano leve que voam alto,
nas roupas no varal que a dona de casa se apressa em apanhar.
É assim que vejo o vento através de outros corpos,
como Hermes mensageiro alado anunciando a chegada da chuva.
De repente, ele parece um senhor apressado que bate à porta
querendo invadir nossa casa, sacudindo as janelas e os vidros
tão forte perto de parti-las em pedaços.
É esta a cor do vento: a invisibilidade,
é o incolor que se soma aos outros tons do arco-íris,
que ninguém vê, mas está ali.
Hoje eu fui o vento. E o bom de me sentir invisível foi poder voar como ele, com ele...
Dançar em sua companhia, como aquela folha esquecida no chão.
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