Busco na memória
e começo a cultivar lembranças.
Penso em pessoas, lugares, rotinas,
tudo o que um dia
ficou para trás.
Em algum lugar
tudo aquilo ainda existe.
A saudade, oportunista,
apodera-se do momento
e rouba meu presente.
Meus pensamentos
já não cabem mais em mim.
Lenta e profundamente
sou conduzida ao passado.
Nada sei do momento da partida,
nem como chego lá,
mas reavivo as cores
e sinto o cheiro do tempo.
Ouço o som conhecido
de vozes e risos,
editados pela saudade.
Pessoas queridas
que já se foram,
seus planos interrompidos.
O que faltou fazer?
O que queriam me dizer
e não disseram?
Ainda estão comigo.
Ainda são jovens e sonham.
Não sabem que seu tempo não espera.
Também não sei eu sobre o meu.
Só encontro nele uma fresta
e viajo de volta,
impune, coração disparado,
saudade demais...
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