Horizonte de deserto:
Brumas vermelhas.
Paisagem sibilante,
Quase uma miragem,
Sobe a poeira.
É a terra esturricada que transpira
Em moléculas aéreas.
A vista é entorpecida
Pelo ar denso.
Nenhuma folha é mexida
E nenhuma outra cor cintila.
Reina o vermelho.
De olhar, à distância, já é quente.
O sol estende-se pelo chão,
Concretamente,
Num terreno rubro-intenso.
Paira a cor vermelha
Do céu à terra.
A alegoria do inferno,
a cor, desenha.
Mas os personagens são caboclos
E a música-tema
É o assobio do ar que não venta
E da vida que não se movimenta,
Apesar do suor que pinga
E da criança que lamenta.
Sobe a poeira
E sob ela há insistência
Dos dentes no sorriso do caboclo,
Querendo ser brancos,
Sob as brumas da poeira vermelha.
Sobe, sem cessar, a terra,
E sua cor é poeira.
Tinge a pele morena,
Enrugada pelo sol,
A espuma da água que lava
A roupa pesada do labor,
A lágrima que rola,
grossa de pó,
E como miragem, desfaz-se,
Reincorpora-se na cor,
Torna à paisagem encoberta
De vermelho e calor.

Quis dizer sobre como é o ambiente quente do Brasil, seja do sertão ou do rústico interior. Do calor e da cor, do ar e do sertanejo, cheios de vermelho e vapor.

Santo André/SP.

Lári Germano
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