Sinto o cheiro da fuga, da ida, do refugio...
Ele sempre vem quando a neblina do amor incerto paira sobre minha cabeça confusa e atordoada pela dúvida. O mais curioso é que esse olor me faz lembrar o inicio de tudo...Onde as incertezas fazem parte do começo e a neblina nos envolve num clima de paixão e loucura.
Mas agora devemos decidir nosso futuro e as decisões sempre envolvem balanços sobre o que vale, ou não, a pena entre nós dois. Devemos acreditar que as relações devem ser vividas intensamente, mas de maneira que os corações se amansem e solenemente se adorem...
Por vezes, ainda me vêm na cabeça imagens de nós dois há alguns anos atrás e as imagino como uma pequena muda de uma planta qualquer. Talvez porque assim eu possa acreditar que ela ainda tem chance de crescer, se fortalecer, florescer e dar bons frutos.
Mas logo me vem a sensação dos perigos das estações...
Será que ela seria forte o suficiente para agüentar a estiagem de duros e sufocantes verões?
Como ela suportaria a imparcialidade e a frieza do inverno?
Mas talvez ela ficasse radiante diante de tantas cores e com o sol na medida certa nas tardes inesquecíveis da Primavera.
E de repente me vem um medo... e começa quando penso no cinza do outono, porque sei que talvez tudo termine nesse momento... Veria sua luta pela vida, retirando de sua parte mais íntegra toda seiva necessária para resistir a um inverno cruel e insípido. E aí, dia a dia sua folha verde e segura iria amarelando-se, amarelando-se para, por fim, cair deixando no chão toda sua história até ali...
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