TEMPORALIDADES Nº 2 e AMIGA

TEMPORALIDADES N° 2 (Edson Moraes)
 
                      I
Eu vivo de um viver inteiro e louco
Como se tudo fosse ainda muito pouco
Eu vivo de um viver que não tem fim
A morte não é mais que uma aventura
E a vida muito mais que uma procura
Eu vivo a vida pra não morrer de mim
                     II
Eu vivo de um viver quase imperfeito
Como se errasse em tudo que é direito
Eu vivo de um viver que não se cansa
A morte não é mais que um vento leve
E a vida muito mais que o tempo breve
Eu vivo a vida como a vida dança
                      III
Eu vivo de um viver longe da glória
Como se fosse o figurante da história
Eu vivo de um viver que é sem assédio
A morte não é mais que uma comédia
E a vida bem melhor que uma tragédia
Eu vivo a vida pra espantar o tédio
                       IV
Eu vivo de um viver quase na esquina
Como um pistão tocando em surdina
Eu vivo de um viver em verso e prosa
A morte não é mais que uma ironia
E a vida vai além do fim do dia
Eu gozo a vida e a vida me goza
                        V
Eu vivo de um viver sem saliência
Sem o encaixe linear da consciência
Eu vivo de um viver moderno
A morte não é mais que um compromisso
E a vida, a vida é muito mais que isso
Eu vivo a vida pra não ser eterno
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

 

 
TEMPORALIDADES N° 2 (Edson Moraes)
 
                      I
Eu vivo de um viver inteiro e louco
Como se tudo fosse ainda muito pouco
Eu vivo de um viver que não tem fim
A morte não é mais que uma aventura
E a vida muito mais que uma procura
Eu vivo a vida pra não morrer de mim
                     II
Eu vivo de um viver quase imperfeito
Como se errasse em tudo que é direito
Eu vivo de um viver que não se cansa
A morte não é mais que um vento leve
E a vida muito mais que o tempo breve
Eu vivo a vida como a vida dança
                      III
Eu vivo de um viver longe da glória
Como se fosse o figurante da história
Eu vivo de um viver que é sem assédio
A morte não é mais que uma comédia
E a vida bem melhor que uma tragédia
Eu vivo a vida pra espantar o tédio
                       IV
Eu vivo de um viver quase na esquina
Como um pistão tocando em surdina
Eu vivo de um viver em verso e prosa
A morte não é mais que uma ironia
E a vida vai além do fim do dia
Eu gozo a vida e a vida me goza
                        V
Eu vivo de um viver sem saliência
Sem o encaixe linear da consciência
Eu vivo de um viver moderno
A morte não é mais que um compromisso
E a vida, a vida é muito mais que isso
Eu vivo a vida pra não ser eterno
 
 
 
 
 
 
AMIGA (Edson Moraes)
 
I
Amiga a quem busco cedo ou tarde
Na lembrança de um coração que arde
A crepitar de dor, de malquerer
Que ao riso do herói, ao choro do covarde
Se apressa ao meu encontro, e sem alarde
Me ensina a dor que dói - e sem doer
 
II
Amiga, que do naufrágio me arrebata
E me ameniza as feridas da chibata
Curando-me as angústias desta vida
Que ao meu riso de energias se dilata
Quase morrendo, minha saudade mata
A se lembrar de mim, compadecida
 
III
Amiga, assim me foste: generosa
E a cada temporal tão prestimosa
Que essa tristeza, eu juro, não sabia
Coisa de quem d´um pranto faz a prosa
E com o gozo de outrem é que goza
Dando, dando, dando amor em romaria
 
IV
Amiga, que ao celebrar esta amizade
Dourou todos os vãos da minha grade
E pôs o sol a amanhecer comigo
E foi de tanto esparramar felicidade
De se doar em infinita quantidade
Que agora estás abandonada, ao desabrigo
 
V
Amiga, do que eu tenho teu é tudo
Um verso simples, a flor, o peito mudo
Quem sabe um riso, a lágrima encardida
E sendo assim o que de mim posso arrancar
Cabe nas mãos, no coração, no próprio olhar
É o que te dou: a minha própria vida!
 
 
 
 
 

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

edson moraes
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