Senhor, perdoa-me o despautério...
Devolvo-te a inspiração...
Sinto cometer um adultério
traindo a voz do coração.
Meus versos perderam a alegria,
caminham sisudos pela poesia...
meus lábios não dizem o que sinto,
contradiz, minhas palavras, meu olhar...
Tento enaltecer o amor,
que de tão raro se codificou...
quero descrever o belo
que perdeu o viço e se esfacelou.
Perdi-me no compasso, tropecei nas rimas,
fugi de meu estilo buscando o que me anima,
e a cada passo um descompasso me abomina
e o poema segue falso, sem auto-estima.
Por isso, meu Senhor, me encontro à deriva...
Pra que inspiração se falta emoção?
Pra que a poesia se já não há fantasia?
Não sei se me perdi, ou me perdeu a vida.
Carmen Lúcia
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