Madrugada Sombria

 
Madrugada fria, sombria, tristonha
Olho pela janela, gelada e escura
Quantos segredos nos cantos esconde
Vidas vazias, largadas, vadias

 
Mundo escroto, cheio de vermes
Monstros distorcidos, imundos, febris
Que se arrastam, moribundos
Na catança de restos pueris

 
Quem se arrisca a sair nesse escuro
De becos isolados, fedidos e mal apanhados
Ratos vagueiam por entre as lixeiras
Contaminam a tudo em seus rastros

 
Movimentos em zigue-zague são possíveis perceber
De ébrios fétidos, barulhentos a beber
Homens sem rumo, sem prumo, sem destino
Que perturbados, fogem loucos do sol a pino

 
Animais de rua, correm atrás de cadela no cio
Numa barulheira terrível e medonha
Feroz e rapidamente se enroscam
Seguindo natural instinto, se revelam

 
Meretrizes, mulheres da vida por todos os lados
Com seus trajes mínimos, quase nuas
Caminham provocantes com seus saltos altos
Na frente dos carros, atravessam as ruas

 
Que noite sombria está me parecendo
Quando atentamente olho pela janela
Desse bairro que ao escurecer
Denota diferença do que de dia revela

 
Madrugada sombria, oculta do dia
Mistérios que só você pode contar
Não espero que alguém vivencie
Porém, só mesmo vendo para acreditar.

Imagem do Google - desconheço a autoria.
Rosana Nobrega
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