No céu o infinito, no chão o firmamento
Campos verdes, extensos, quase sem fim
Em sintonia ouvem o nhambu, a rolinha e a seriema
E, ao longe o sol, mesmo sem querer,
Da sinfonia participa e parece ser maestro.
Ao longe a paineira, imponente
Fazendo sombra, com grandes galhos e fartas folhas
Em cuja refrescância, descanso.
Descanso a alma, e o infinito observo
Num torpor, como se ele eu fosse
Meu olhar nele se perde,
Na relva deito, me deleito e choro.
Aquilo tudo me pertence
E como o filho que retorna ao lar distante
Dou um abraço insano, parecendo criança a esperar um beijo quente
Na mata brilham douradas borboletas,
Beijando as flores chapiscadas de orvalho
De várias cores, formas e tanto
Que deixam a brisa leve, perfumada e mansa
Passarinhos de todas as cores
Riscam o riacho, de águas claras, ligeiras e profundas
Beijando seu leito numa interminável ciranda
Fazendo festa, com sua prole a observar do ninho
No ar observo o vôo da Juriti
Parecendo que o céu lhe pertence,
- Bate as asas, rainha da mata!
- lança teu corpo no firmamento, azul, infinito !
Agora com o olhar tristonho
Da fresca e farta sombra me levanto,
E num suspiro sôfrego, cortado e profundo,
Deixo para trás a beleza do campo e penso:
Triste dia em que te deixei, inconsciente
Para lançar-me em vôos cegos e longínquos,
Antes tivesse, roto, na mata ficado
E absorvido lentamente a beleza que tu me deste.
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