Numa certa idade.
Com dificuldade.
Fiz faculdade.
Numa cidade
Em que a progressividade.
Era a realidade.
Da sua densidade.
O ano não lembrei.
Por que eu parei?
Isso não sei.
O que sei.
É que muito beijei.
E nada estudei.
Agora tô assim:
Salário ruim.
Devendo sem fim.
Comendo capim.
Bem feito pra mim.
Minha mulher partiu.
O dinheiro sumiu.
O cachorro figiu.
A casa caiu.
Puta que o pariu.
E a coisa não melhora.
Já to pedindo esmola.
Me dizem:- Não amola.
Ai eu vou-me embora.
Xingando uma senhora.
Que disse uma hora.
Pra eu voltar pra escola.
Um dia meus pés pararam.
Minhas pernas se ajoelharam.
Meus olhos se lacrimejaram.
E os mesmos pra cima olharam.
É que em mim uns pombos cagaram.
Então eles me sujaram.
Daí eu fiquei nervoso.
Estava impiedoso.
Até um pouco perigoso.
É que peguei a doença do Bozo.
Aquela que da em idoso.
Que você fia sem gozo.
Por de uma mulher o seu corpo gostoso.
Fiquei irado.
Estava chocado.
O pipi de lado.
O nariz tapado.
Me senti aliviado.
Era só um resfriado.
Quase virei viado.
No final de tudo.
Me tornei um cabeçudo.
Uns me chaman de burro.
Outros de fajuto.
Mas isso não importa.
Aqui tem gente mais calhorda.
É só você abrir a porta...
Quer saber...
Eu sou mesmo é um sortudo.
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