Um intenso proliferar de palavras cruas,
a violência do desnudar da doçura das sílabas.
O que era suave e agradável chama incendiou-se,
devorou-se numa ardente fogueira.
Quebrou-se o lapidado encanto,
rompeu-se em cacos, enchendo tudo de decepção.
Lembranças quase que sagradas,
intocáveis fotografias, todas esquecidas e rasgadas.
Queda do ídolo, o desfazer amargo da fantasia,
do altar de deusa ao poço sem fundo.
Não mais os brancos pássaros do céu,
mas apenas alvos de obstinado caçador desperto
descobrindo que com a mesma força com que ama,
também odeia; a mágoa envenena o coração.
Então a surpresa, percebendo
que ataca o que tanto defendeu,
vendo nisto falta de sentido.
Na frustrada dor da perda,
transbordar o copo de amargura,
vertendo doce vinho em acre vinagre.
Inspiração às avessas,
e o coração não quer sair de dentro de si,
não quer ficar vazio,
Resiste quase sem forças
ao agressivo ataque do ódio viril,
por fim desfalecendo, abatido.
E onde havia luzes, fizeram-se sombras,
as cores vivas tornaram-se pardas,
perdeu-se o brilho.
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