A REALIDADE (SONETO)

 

Andando pela rua de repente
Vejo alguém deitado sob a marquise
Cuidando – se antes que alguém o pise
Porque ali é passagem de gente.

 
Olho pra aquele ser ali sozinho
Que com tristeza olha para mim
Com gestos me pede algo enfim
Ignoro – o e sigo meu caminho.

 
Pobre criatura, só quer viver
Mas não lhe socorrem, e ela continua
Não tem um copo d'água pra beber.

 
Quando voltei, vim pela mesma rua
Pensei naquela pessoa socorrer
Mas já estava morta e quase nua.

 
(Christiano Nunes)

 

Christiano Nunes
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